23 de julho de 2013

Carta de Lentulus Publius de Jerusalém ao Imperador Tíbérío César


Retrato de Jesus

Eis aqui, enfim, a resposta que com tanta ansiedade esperáveis. Ultimamente apareceu na Judéia um homem de estranho poder, cujo verdadeiro nome é Jesus Cristo, mas a quem "O povo chama "O Grande Profeta" e, seus discípulos, "O Filho de Deus". Diariamente contam-se dele grandes prodígios: ressuscita os mortos, cura todas as enfermidades e traz assombrada toda Jerusalém com a sua extraordinária doutrina.
E um homem alto e de majestosa aparência; sua face, ao mesmo tempo severa e doce, inspira respeito e amor a quem a vê. Seu cabelo é da cor do vinho e desce ondulado sobre os ombros; é dividido ao meio, ao estilo nazareno. Sua fronte, pura e altiva, sua cútis pálida e límpida; a boca e o nariz são perfeitos; a barba é abundante e da mesma cor dos cabelos; as mãos, finas e compridas; os braços, de uma graça encantadora; os olhos azuis, plácidos e brilhantes.
E grave, comedido e sóbrio em seus discursos. Repreendendo e condenando, é terrível; instruindo e exortando, sua palavra é doce e acariciadora. Ninguém o viu rir, mas muitos o têm visto chorar. Caminha com os pés descalços e a cabeça descoberta. Vendo-o à distância, há quem o despreze, mas em sua presença não há quem não estremeça com profundo respeito.
Quantos se acercam dele, dizem haver recebido enormes benefícios, mas há quem o acuse de ser um perigo para Vossa Majestade, porque afirma publicamente que os reis e os escravos são todos iguais perante Deus. Fim

19 de julho de 2013

Apocalipse de Paulo







[...] a estrada. E ele falou para ele, dizendo, "Por qual estrada eu devo subir para Jerusalém?" A criança pequena respondeu, dizendo, "Diga seu nome, para que eu possa te mostrar a estrada". A criança pequena sabia quem Paulo era. Ele desejava conversar com ele através das palavras dele, para que ele pudesse encontrar um pretexto para falar com ele.
A criança pequena falou, dizendo "Eu sei quem você é, Paulo. Você é aquele que foi abençoado do útero de sua mãe. Pois eu vim até você para que você possa subir para Jerusalém, para os seus companheiros apóstolos. E por esta razão você foi chamado. E eu sou o Espírito que te acompanha. Deixe a sua mente acordar, Paulo, com [...]. Pois [...] inteiro que [...] entre todos os poderes supremos e estas autoridades e arcanjos e poderes e a raça inteira de demônios, [...] aquela que revela corpos para uma alma-semente."
E após ele ter concluído esse discurso, ele falou, dizendo para mim, "Deixe a sua mente acordar, Paulo, e veja que esta montanha sobre a qual você está parado é a montanha de Jericó, para que você possa conhecer as coisas escondidas naquelas que são visíveis. Agora você irá para os doze apóstolos, pois eles são espíritos eleitos, e eles te saudarão." Ele elevou seus olhos e viu eles o saudando.
Então o Espírito Sagrado que estava falando com ele o alçou alto para o terceiro céu, e ele passou além para o quarto céu. O Espírito Sagrado falou para ele, dizendo, "Olhe e veja sua semelhança sobre a terra." E ele olhou para baixo e viu aqueles que estavam sobre a terra. Ele observou e viu aqueles que estavam sobre os [...]. Então ele fitou abaixo e viu os doze apóstolos à sua direita e à sua esquerda na criação; e o Espírito estava indo na frente deles.
Mas eu vi no quarto céu de acordo com categoria - Eu vi anjos parecendo deuses, os anjos trazendo uma alma para fora da terra dos mortos. Eles a puseram frente ao portão do quarto céu. E os anjos estavam açoitando ela. A alma falou, dizendo, "Que pecado foi que eu cometi no mundo?" O coletor de impostos que habita no quarto céu respondeu, dizendo, "Não foi correto cometer todas aquelas ações sem lei que existem no mundo dos mortos". A alma respondeu, dizendo, "Traga testemunhas! Deixem que elas te mostrem em qual corpo eu cometi ações sem lei. Você gostaria de trazer um livro para consulta?"
E as três testemunhas vieram. A primeira falou, dizendo, "Eu não estava no corpo na segunda hora [...]? Eu me levantei contra você até que você caiu em raiva e fúria e inveja." E a segunda falou, dizendo, "Eu não estava no mundo? E eu entrei na quinta hora, e eu te vi e te desejei. E veja, portanto, agora eu te acuso dos assassinatos que você cometeu." A terceira falou, dizendo, "Eu não vim até você na décima segunda hora do dia, quando o sol estava quase se pondo? Eu te dei escuridão até que você tivesse realizado seus pecados." Quando a alma ouviu estas coisas, ela olhou para baixo com tristeza. E então ela olhou para cima. Ela foi lançada para baixo. A alma que havia sido lançada para baixo foi para um corpo que havia sido preparado para ela. E veja, suas testemunhas tinham terminado.
Então eu olhei para cima e vi o Espírito me dizendo, "Paulo, venha! Prossiga até mim!". Então quando eu fui, o portão se abriu, e eu subi até o quinto céu. E eu vi meus companheiros apóstolos indo comigo enquanto o Espírito nos acompanhava. E eu vi um grande anjo no quinto céu segurando um bastão de ferro em sua mão. Havia três outros anjos com ele, e eu olhei nos rostos monstruosos deles. Mas eles estavam se rivalizando, com chicotes em suas mãos, empurrando as almas para o julgamento. Mas eu fui com o Espírito e o portão abriu para mim.
Então nós subimos para o sexto céu. E eu vi meus companheiros apóstolos indo comigo, e o Espírito Sagrado estava me conduzindo adiante deles. E eu olhei para cima ao alto, e vi uma grande luz brilhando para baixo sobre o sexto céu. Eu falei, dizendo para o coletor de impostos que estava no sexto céu, "Abra para mim e para o Espírito sagrado que está diante de mim." Ele abriu para mim.
Então nós subimos para o sétimo céu, e eu vi um homem velho [...] luz e cuja vestimenta era branca. O trono dele, que está no sétimo céu, era sete vezes mais brilhante do que o sol. O homem velho falou, dizendo para mim, "Aonde você vai, Paulo? Ó abençoado e aquele que foi separado do útero de sua mãe." Mas eu olhei para o Espírito, e ele estava acenando com a cabeça, me dizendo, "Fale com ele!". E eu respondi, dizendo para o homem velho, "Eu estou indo para o lugar de onde eu vim." E o homem velho me respondeu, "De onde você veio?" Mas eu respondi, dizendo, "Eu estou descendo ao mundo dos mortos para aprisionar a escravidão que aprisionou na escravidão da Babilônia." O homem velho respondeu me dizendo, "Como você será capaz de escapar de mim? Olhe e veja os poderes supremos e autoridades." O Espírito falou, dizendo, "Dê-lhe o sinal que você tem, e ele abrirá para você." E então eu lhe dei o sinal. Ele voltou sua face para baixo, para a criação dele e aqueles que são as autoridades pertencentes a ele.
E então o sétimo céu abriu e nós subimos para o Ogdoad. E eu vi os doze apóstolos. Eles me saudaram, e nós subimos ao nono céu. Eu saudei todos aqueles que estavam no nono céu, e nós subimos para o décimo céu. E eu saudei meus espíritos companheiros.

Condenação dos Evangelhos Apócrifos


O Concílio de Nicéia

Condenação dos Evangelhos Apócrifos


O Concílio de Nicéia

325 D.C – É realizado o Concílio de Nicéia, atual cidade de Iznik, província de Anatólia (nome que se costuma dar à antiga Ásia Menor), na Turquia asiática. A Turquia é um país euro-asiático, constituído por uma pequena parte européia, a Trácia, e uma grande parte asiática, a Anatólia. Este foi o primeiro Concílio Ecumênico da Igreja, convocado pelo Imperador Flavius Valerius Constantinus (285 - 337 d.C), filho de Constâncio I. Quando seu pai morreu em 306, Constantino passou a exercer autoridade suprema na Bretanha, Gália (atual França) e Espanha. Aos poucos, foi assumindo o controle de todo o Império Romano.
Desde Lúcio Domício Aureliano (270 - 275 d.C ), os Imperadores tinham abandonado a unidade religiosa, com a renúncia de Aureliano a seus "direitos divinos", em 274. Porém, Constantino, estadista sagaz que era, inverteu a política vigente, passando, da perseguição aos cristãos, à promoção do Cristianismo, vislumbrando a oportunidade de relançar, através da Igreja, a unidade religiosa do seu Império. Contudo, durante todo o seu regime, não abriu mão de sua condição de sumo-sacerdote do culto pagão ao "Sol Invictus". Tinha um conhecimento rudimentar da doutrina cristã e suas intervenções em matéria religiosa visavam, a princípio, fortalecer a monarquia do seu governo.
Na verdade, Constantino observara a coragem e determinação dos mártires cristãos durante as perseguições promovidas por Diocleciano, em 303. Sabia que, embora ainda fossem minoritários (10% da população do império), os cristãos se concentravam nos grandes centros urbanos, principalmente em território inimigo. Foi uma jogada de mestre, do ponto de vista estratégico, fazer do Cristianismo a Religião Oficial do Império: Tomando os cristãos sob sua proteção, estabelecia a divisão no campo adversário. Em 325, já como soberano único, convocou mais de 300 bispos ao Concílio de Nicéia. Constantino visava dotar a Igreja de uma doutrina padrão, pois as divisões, dentro da nova religião que nascia, ameaçavam sua autoridade e domínio. Era necessário, portanto, um Concílio para dar nova estrutura aos seus poderes.
E o momento decisivo sobre a doutrina da Trindade ocorreu nesse Concílio. Trezentos Bispos se reúnem para decidir se Cristo era um ser criado (doutrina de Arius) ou não criado, e sim igual e eterno como Deus Seu Pai (doutrina de Atanásio). A igreja acabou rejeitando a idéia ariana de que Jesus era a primeira e mais nobre criatura de Deus, e afirmou que Ele era da mesma "substância" ou "essência" (isto é, a mesma entidade existente) do Pai. Assim, segundo a conclusão desse Concílio, há somente um Deus, não dois; à distância entre Pai e Filho está dentro da unidade divina, e o Filho é Deus no mesmo sentido em que o Pai o é. Dizendo que o Filho e o Pai são "de uma substância", e que o Filho é "gerado" ("único gerado, ou unigênito", João 1. 14,18; 3. 16,18, e notas ao texto da NVI), mas "não feito", o Credo Niceno, estabelece a Divindade do homem da Galiléia, embora essa conclusão não tenha sido unânime. Os Bispos que discordaram, foram simplesmente perseguidos e exilados.
Com a subida da Igreja ao poder, discussões doutrinárias passaram a ser tratada como questões de Estado. E na controvérsia ariana, colocava-se um obstáculo grande à realização da idéia de Constantino de um Império universal que deveria ser alcançado com a uniformidade da adoração divina.
O Concílio foi aberto formalmente a 20 de maio, na estrutura central do palácio imperial, ocupando-se com discussões preparatórias na questão ariana, em que Arius, com alguns seguidores, em especial Eusébio, de Nicomédia; Teógnis, de Nice, e Maris, de Chalcedon, parecem ter sido os principais líderes. Como era costume, os bispos orientais estavam em maioria. Na primeira linha de influência hierárquica estavam três arcebispos: Alexandre, de Alexandria; Eustáquio, de Antioquia e Macário, de Jerusalém, bem como Eusébio, de Nicomédia e Eusébio, de Cesaréia. Entre os bispos encontravam-se Stratofilus, bispo de Pitiunt (Bichvinta, reino de Egrisi). O ocidente enviou não mais de cinco representantes na proporção relativa das províncias: Marcus, da Calábria (Itália); Cecilian, de Cartago (África); Hosius, de Córdova (Espanha); Nicasius, de Dijon (França) e Domnus, de Stridon (Província do Danúbio). Apenas 318 bispos compareceram, o que equivalia a apenas uns 18% de todos os bispos do Império. Dos 318, poucos eram da parte ocidental do domínio de Constantino, tornando a votação, no mínimo, tendenciosa. Assim, tendo os bispos orientais como maioria e a seu favor, Constantino aprovaria com facilidade, tudo aquilo que fosse do seu interesse.
As sessões regulares, no entanto, começaram somente com a chegada do Imperador. Após Constantino ter explicitamente ordenado o curso das negociações, ele confiou o controle dos procedimentos a uma comissão designada por ele mesmo, consistindo provavelmente nos participantes mais proeminentes desse corpo. O Imperador manipulou, pressionou e ameaçou os partícipes do Concílio para garantir que votariam no que ele acreditava, e não em algum consenso a que os bispos chegassem. Dois dos bispos que votaram a favor de Arius foram exilados e os escritos de Arius foram destruídos. Constantino decretou que qualquer um que fosse apanhado com documentos arianistas estaria sujeito à pena de morte.
Mas a decisão da Assembléia não foi unânime, e a influência do imperador era claramente evidente quando diversos bispos de Egito foram expulsos devido à sua oposição ao credo. Na realidade, as decisões de Nicéia foram fruto de uma minoria. Foram mal entendidas e até rejeitadas por muitos que não eram partidários de Ário. Posteriormente, 90 bispos elaboraram outro credo (O "Credo da Dedicação") em, 341, para substituir o de Nicéia. (...) E em 357, um Concílio em Smirna adotou um credo autenticamente ariano.
Portanto, as orientações de Constantino nessa etapa foram decisivas para que o Concílio promulgasse o credo de Nicéia, ou a Divindade de Cristo, em 19 de Junho de 325. E com isso, veio a conseqüente instituição da Santíssima Trindade e a mais discutida, ainda, a instituição do Espírito Santo, o que redundou em interpolações e cortes de textos sagrados, para se adaptar a Bíblia às decisões do conturbado Concílio e outros, como o de Constantinopla, em 38l, cujo objetivo foi confirmar as decisões daquele.
A concepção da Trindade, tão obscura, tão incompreensível, oferecia grande vantagem às pretensões da Igreja. Permitia-lhe fazer de Jesus Cristo um Deus. Conferia a Jesus, que ela chama seu fundador, um prestígio, uma autoridade, cujo esplendor recaia sobre a própria Igreja católica e assegurava o seu poder, exatamente como foi planejado por Constantino. Essa estratégia revela o segredo da adoção trinitária pelo concílio de Nicéia.
Os teólogos justificaram essa doutrina estranha da divinização de Jesus, colocando no Credo a seguinte expressão sobre Jesus Cristo: “Gerado, não criado”. Mas, se foi gerado, Cristo não existia antes de ser gerado pelo Pai. Logo, Ele não é Deus, pois Deus é eterno! Espelhando bem os novos tempos, o Credo de Nicéia não fez qualquer referência aos ensinamentos de Jesus. Faltou nele um "Creio em seus ensinamentos", talvez porque já não interessassem tanto a uma religião agora sócia do poder Imperial Romano.
Mesmo com a adoção do Credo de Nicéia, os problemas continuaram e, em poucos anos, a facção arianista começou a recuperar o controle. Tornaram-se tão poderosos que Constantino os reabilitou e denunciou o grupo de Atanásio. Arius e os bispos que o apoiavam voltaram do exílio. Agora, Atanásio é que foi banido. Quando Constantino morreu (depois de ser batizado por um bispo arianista), seu filho restaurou a filosofia arianista e seus bispos e condenou o grupo de Atanásio.
Nos anos seguintes, a disputa política continuou, até que os arianistas abusaram de seu poder e foram derrubados. A controvérsia político/religiosa causou violência e morte generalizadas. Em 381 d.C, o imperador Teodósio (um trinitarista) convocou um concílio em Constantinopla. Apenas bispos trinitários foram convidados a participar. Cento e cinqüenta bispos compareceram e votaram uma alteração no Credo de Nicéia para incluir o Espírito Santo como parte da divindade. A doutrina da Trindade era agora oficial para a Igreja e também para o Estado. Com a exclusiva participação dos citados bispos, a Trindade foi imposta a todos como "mais uma verdade teológica da igreja". E os bispos, que não apoiaram essa tese, foram expulsos da Igreja e excomungados.
Por volta do século IX, o credo já estava estabelecido na Espanha, França e Alemanha. Tinha levado séculos desde o tempo de Cristo para que a doutrina da Trindade "pegasse". A política do governo e da Igreja foram as razões que levaram a Trindade a existir e se tornar a doutrina oficial da Igreja. Como se pode observar, a doutrina trinitária resultou da mistura de fraude, política, um imperador pagão e facções em guerra que causaram mortes e derramamento de sangue.
As Igrejas Cristãs hoje em dia dizem que Constantino foi o primeiro Imperador Cristão, mas seu "cristianismo" tinha motivação apenas política. É altamente duvidoso que ele realmente aceitasse a Doutrina Cristã. Ele mandou matar um de seus filhos, além de um sobrinho, seu cunhado e possivelmente uma de suas esposas. Ele manteve seu título de alto sacerdote de uma religião pagã até o fim da vida e só foi batizado em seu leito de morte.
OBS: Em 313 d.C., com o grande avanço da "Religião do Carpinteiro", o Imperador Constantino Magno enfrentava problemas com o povo romano e necessitava de uma nova Religião para controlar as massas. Aproveitando-se da grande difusão do Cristianismo, apoderou-se dessa Religião e modificou-a, conforme seus interesses. Alguns anos depois, em 325 D.C, no Concílio de Nicéia, é fundada, oficialmente, a Igreja Católica...
Há que se ressaltar que, "Igreja" na época de Jesus, não era a "Igreja" que entendemos hoje, pois se lermos os Evangelhos duma ponta à outra veremos que a palavra «Igreja», no sentido que hoje lhe damos, nem sequer neles é mencionada exceto por aproximação e apenas três vezes em dois versículos no Evangelho de Mateus (Mt 16, 18 e Mt 18, 17), pois a palavra grega original, usada por Mateus, ekklêsia, significa simplesmente «assembléia de convocados», neste caso a comunidade dos seguidores da doutrina de Jesus, ou a sua reunião num local, geralmente em casas particulares onde se liam as cartas e as mensagens dos apóstolos. Sabemo-lo pelo testemunho de outros textos do Novo Testamento, já que os Evangelhos a esse respeito são omissos. Veja-se, por exemplo, a epístola aos Romanos (16, 5) onde Paulo cita o agrupamento (ekklêsia) que se reunia na residência dum casal de tecelões, Áquila e Priscila, ou a epístola a Filémon (1, 2) onde o mesmo Paulo saúda a ekklêsia que se reunia em casa do dito Filémon; num dos casos, como lemos na epístola de Tiago (2, 2), essa congregação cristã é designada por «sinagoga». Nada disto tem a ver, portanto, com a imponente Igreja católica enquanto instituição formal estruturada e oficializada, sobretudo a partir do Concílio de Nícéia, presidido pelo Imperador Constantino, mais de 300 anos após a morte de Cristo.

Onde termina a IGREJA PRIMITIVA dos Atos dos Apóstolos e começa o Catolicismo Romano?

Quando Roma tornou-se o famoso império mundial, assimilou no seu sistema os deuses e as religiões dos vários países pagãos que dominava. Com certeza, a Babilônia era a fonte do paganismo desses países, o que nos leva a constatar que a religião primitiva da Roma pagã não era outra senão o culto babilônico. No decorrer dos anos, os Líderes da época começaram a atribuir a si mesmos, o poder de "senhores do povo" de Deus, no lugar da Mensagem deixada por Cristo. Na época da Igreja Primitiva, os verdadeiros Cristãos eram jogados aos leões. Bastava se recusar a seguir os falsos ensinamentos e o castigo vinha a galope. O paganismo babilônico imperava a custa de vidas humanas.
No ano 323 d.C, o Imperador Constantino professou conversão ao Cristianismo. As ordens imperiais foram espalhadas por todo o império: As perseguições deveriam cessar! Nesta época, a Igreja começou a receber grandes honrarias e poderes mundanos. Ao invés de ser separada do mundo, ela passou a ser parte ativa do sistema político que governava. Daí em diante, as misturas do paganismo com o Cristianismo foram crescendo, principalmente em Roma, dando origem ao Catolicismo Romano. O Concílio de Nicéia, na Ásia Menor, presidido por Constantino era composto pelos Bispos que eram nomeados pelo Imperador e por outros que eram nomeados por Líderes Religiosos das diversas comunidades. Tal Concílio consagrou oficialmente a designação "Católica" aplicada à Igreja organizada por Constantino: "Creio na igreja una, santa, católica e apostólica". Poderíamos até mesmo dizer que Constantino foi seu primeiro Papa. Como se vê claramente, a Igreja Católica não foi fundada por Pedro e está longe de ser a Igreja primitiva dos Apóstolos ...
Em resumo: Por influência dos imperadores Constantino e Teodósio, o Cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano e entrou no desvio. Institucionalizou-se; surgiu o profissionalismo religioso; práticas exteriores do paganismo foram assimiladas; criaram-se ritos e rezas, ofícios e oficiantes. Toda uma estrutura teológica foi montada para atender às pretensões absolutistas da casta sacerdotal dominante, que se impunha aos fiéis com a draconiana afirmação: "Fora da Igreja não há salvação".
Além disso, Constantino queria um Império unido e forte, sem dissenções. Para manter o seu domínio sobre os homens e estabelecer a ditadura religiosa, as autoridades eclesiásticas romanas deviam manter a ignorância sobre as filosofias e Escrituras. A mesma Bíblia devia ser diferente. Devia exaltar Deus e os Patriarcas mas, também, um Deus forte, para se opor ao próprio Jeová dos Hebreus, ao Buda, aos poderosos deuses do Olimpio. Era necessário trazer a Divindade Arcaica Oriental, misturada às fábulas com as antigas histórias de Moisés, Elias, Isaías, etc, onde colocaram Jesus, não mais como Messias ou Cristo, mas, maliciosamente, colocaram Jesus parafraseado de divindade no lugar de Jezeu Cristna, a segunda pessoa da trindade arcaica do Hinduísmo.
Nesse quadro de ambições e privilégios, não havia lugar para uma doutrina que exalta a responsabilidade individual e ensina que o nosso futuro está condicionado ao empenho da renovação interior e não à simples adesão e submissão incondicional aos Dogmas de uma Igreja, os quais, para uma perfeita assimilação, era necessário admitir a quintessência da teologia: "Credo quia absurdum", ou seja, "Acredito mesmo que seja absurdo", criada por Tertuliano (155-220), apologista Cristão.
Disso tudo deveria nascer uma religião forte como servia ao império romano. Vieram ainda a ser criados os simbolismos da Sagrada Família e de todos os Santos, mas as verdades do real cânone do Novo Testamento e parte das Sagradas Escrituras deviam ser suprimidas ou ocultadas, inclusive as obras de Sócrates e outras Filosofias contrárias aos interesses da Igreja que nascia.
Esta lógica foi adotada pelas forças clericais mancomunadas com a política romana, que precisava desta religião, forte o bastante, para impor-se aos povos conquistados e reprimidos por Roma, para assegurar-se nas regiões invadidas, onde dominava as terras, mas não o espírito dos povos ocupados. Em troca, o Cristianismo ganhava a Universalidade, pois queria se tornar "A Religião Imperial Católica Apostólica Romana", a Toda Poderosa, que vinha a ser sustentada pela força, ao mesmo tempo que simulava a graça divina, recomendando o arrependimento e perdão, mas que na prática, derrotava seus inimigos a golpes de espada.
Então não era da tolerância pregada pelo Cristianismo que Constantino precisava, mas de uma religião autoritária, rígida, sem evasivas, de longo alcance, com raízes profundas no passado e uma promessa inflexível no futuro, estabelecida mediante poderes, leis e costumes terrenos.
Para isso, Constantino devia adaptar a Religião do Carpiteiro, dando-lhes origens divinas e assim impressionaria mais o povo o qual sabendo que Jesus era reconhecido como o próprio Deus na nova religião que nascia, haveria facilidade de impor a sua estrutura hierárquica, seu regime monárquico imperial, e assim os seus poderes ganhariam amplos limites, quase inatingíveis.
Quando Constantino morreu, em 337, foi batizado e enterrado na consideração de que ele se tornara um décimo terceiro Apóstolo, e na iconografia eclesiástica veio a ser representado recebendo a coroa das mãos de Deus.

OS LIVROS RETIRADOS DAS SANTAS ESCRITURAS

Os quatro evangelhos canônicos, que se acredita terem sido inspirados pelo Espírito Santo, não eram aceitos como tais no início da Igreja. O bispo de Lyon, Irineu, explica os pitorescos critérios utilizados na escolha dos quatro evangelhos (reparem na fragilidade dos argumentos...): "O evangelho é a coluna da Igreja, a Igreja está espalhada por todo o mundo, o mundo tem quatro regiões, e convém, portanto, que haja também quatro evangelhos. O evangelho é o sopro do vento divino da vida para os homens, e pois, como há quatro ventos cardiais, daí a necessidade de quatro evangelhos. (...) O Verbo criador do Universo reina e brilha sobre os querubins, os querubins têm quatro formas, eis porque o Verbo nos obsequiou com quatro evangelhos”.
As versões sobre como se deu a separação entre os evangelhos canônicos e apócrifos, durante o Concílio de Nicéia no ano 325 D.C, são também singulares. Uma das versões diz que estando os bispos em oração, os evangelhos inspirados foram depositar-se no altar por si só!!! ... Uma outra versão informa que todos os evangelhos foram colocados por sobre o altar, e os apócrifos caíram no chão... Uma terceira versão afirma que o Espírito Santo entrou no recinto do Concílio em forma de pomba, através de uma vidraça (sem quebrá-la), e foi pousando no ombro direito de cada bispo, cochichando nos ouvidos deles os evangelhos inspirados...
A Bíblia como um todo, aliás, não apresentou sempre a forma como é hoje conhecida. Vários textos, chamados hoje de "apócrifos", figuravam anteriormente na Bíblia, em contraposição aos canônicos reconhecidos pela Igreja.

Segundo o Dicionário Aurélio, o termo Apócrifos significa:

"Entre os Católicos, Apócrifos eram os Escritos de assuntos sagrados que não foram incluídos pela Igreja no Cânon das Escrituras autênticas e divinamente inspiradas". (destaque nosso).
Obs - Note que o próprio Dicionário Aurélio registra a expressão: "divinamente inspiradas". Por que será?
Maria Helena de Oliveira Tricca, compiladora da obra Apócrifos, Os Proscritos da Bíblia, diz: "Muitos dos chamados textos apócrifos já fizeram parte da Bíblia, mas ao longo dos sucessivos concílios acabaram sendo eliminados. Houve os que depois viriam a ser beneficiado por uma reconsideração e tornariam a partilhar a Bíblia. Exemplos: O Livro da Sabedoria, atribuído a Salomão, o Eclesiástico ou Sirac, as Odes de Salomão, o Tobit ou Livro de Tobias, o Livro dos Macabeus e outros mais. A maioria ficou definitivamente fora, como o famoso Livro de Enoch, o Livro da Ascensão de Isaías e os Livros III e IV dos Macabeus."
Perguntamos: Quais foram os motivos para excluir esses Livros das Santas Escrituras definitivamente? Será que os "santos padres" daquela época se achavam superiores aos Apóstolos e mártires que vivenciaram de perto os acontecimentos relacionados a Cristo e ao judaísmo? De que poder esses mesmos "santos padres" se revestiam a ponto de afirmarem que alguns Textos Evangélicos não representavam os ensinamentos e a Palavra de Deus?
Visando maiores esclarecimentos, sugerimos, para aqueles que desejam aprofundar-se no assunto, uma leitura dos Livros que tratam com mais detalhe esse tema, os quais podem ser encontrados   no   Site   Submarino:
Existem mais de 60 evangelhos apócrifos, como os de Tomé, de Pedro, de Felipe, de Tiago, dos Hebreus, dos Nazarenos, dos Doze, dos Setenta, etc. Foi um bispo quem escolheu, no século IV, os 27 textos do atual Novo Testamento. Em relação ao Antigo Testamento, o problema só foi definitivamente resolvido no ano de 1546, durante o Concílio de Trento. Depois de muita controvérsia, acalorados debates e até luta física entre os participantes, o Concílio decretou que os livros 1 e 2 de Esdras e a Oração de Manassés sairiam da Bíblia. Em compensação, alguns textos apócrifos foram incorporados aos livros canônicos, como o livro de Judite (acrescido em Ester), os livros do Dragão e do Cântico dos Três Santos Filhos (acrescidos em Daniel) e o livro de Baruque (contendo a Epístola de Jeremias).
Os católicos não foram unânimes quanto a inspiração divina nesses livros. No Concílio de Trento houve luta corporal quando este assunto foi tratado. Lorraine Boetner (in Catolicismo Romano) cita o seguinte: "O papa Gregório, o grande, declarou que primeiro Macabeus, um livro apócrifo, não é canônico. O cardeal Ximenes, em sua Bíblia poliglota, exatamente antes do Concílio de Trento, exclui os apócrifos e sua obra foi aprovada pelo papa Leão X. Será que estes papas se enganaram? Se eles estavam certos, a decisão do Concílio de Trento estava errada. Se eles estavam errados, onde fica a infalibilidade do papa como mestre da doutrina?"
No inicio do cristianismo, os evangelhos eram em número de 315, sendo posteriormente reduzidos para 4, no Concílio de Nicéia. Tal número, indica perfeitamente as várias formas de interpretação local das crenças religiosas da orla mediterrânea, acerca da idéia messiânica lançada pelos sacerdotes judeus. Sem dúvida, este fato deve ter levado Irineu a escrever o seguinte: "Há apenas 4 Evangelhos, nem mais um, nem menos um, e que só pessoas de espírito leviano, os ignorantes e os insolentes é que andam falseando a verdade". Disse isso, mesmo diante dos acontecimentos acima relatados e que eram de conhecimento geral.
Havia então, os Evangelhos dos Naziazenos, dos Judeus, dos Egípcios, dos Ebionistas, o de Pedro, o de Barnabé, entre outros, 03 dos quais foram queimados, restando apenas os 4 “sorteados” e oficializados no Concílio de Nicéia.
Celso, erudito romano, contemporâneo de Irineu, entre os anos 170 e 180 D.C, disse: "Certos fiéis modificaram o primeiro texto dos Evangelhos, três, quatro e mais vezes, para poder assim subtraí-los às refutações".
Foi necessária uma cuidadosa triagem de todos eles, visando retirar as divergências mais acentuadas, sendo adotada a de Hesíquies, de Alexandria; e de Pânfilo, de Cesaréía e a de Luciano, de Antióquia. Mesmo assim, só na de Luciano existem 3.500 passagens redigidas diferentemente. Disso resulta que, mesmo para os Padres da Igreja, os Evangelhos não são fonte segura e original.
Os Evangelhos que trazem a palavra "segundo", que em grego é "cata", não vieram diretamente dos pretensos evangelistas.
A discutível origem dos Evangelhos, explica porque os documentos mais antigos não fazem referência à vida terrena de Jesus.
Não é razoável supor que uma "palavra divina" possa ser alterada assim tão fácil e impunemente por mãos humanas. Que fique na dependência de ser julgada boa ou má por juízes e dignitários eclesiásticos.
Só me foi possível escrever este livro através dos conceitos que pude assimilar da obra Na Luz da Verdade, a Mensagem do Graal de Abdruschin. (Segundo o Dic. Aurélio: Graal – Vaso Santo de esmeralda que segundo a tradição corrente nos romances de cavalaria, teria servido a Cristo na última Ceia, e no qual José de Arimateia haveria recolhido o Sangue que de Cristo jorrou quando o centurião lhe desferiu a lança).
       Como vá vimos no artigo "Qual a importância dos apócrifos?", existem alguns livros escritos antes ou pouco depois de Cristo que tinham como intenção figurar como Escritura Sagrada.
Mas, pelo Magistério da Igreja e assistência do Espírito Santo, esses livros espúrios foram definitivamente afastados, restando apenas o cânon bíblico que guardamos até hoje. Por esse motivo, muitos desapareceram, outros sobreviveram em uma ou outra comunidade antiga, ou, ainda, em traduções, fragmentos ou citações.
       A seguir, apresentamos uma lista exaustiva de livros apócrifos do Antigo e do Novo  Testamento que, embora longa, provavelmente não esgota todos os livros escritos ou existentes, porém, bem demonstra a quantidade de livros escritos com a intenção de "completar" a Bíblia.
     Incluímos também, ao final, os manuscritos encontrados em Qumran, nas grutas do Mar Morto, que foram escritos ou preservados por uma comunidade que vivia nesse deserto separada dos grupos religiosos da Palestina do tempo de Jesus (Saduceus, Fariseus, Samaritanos, etc.). Esse grupo, denominado Essênio, como podemos ver, considerava o Antigo Testamento como Escritura Sagrada (inclusive os deuterocanônicos), mas tinha como característica própria seguir ainda outros "livros sagrados".

Portanto, temos como apócrifos as seguintes obras:

ANTIGO TESTAMENTO

1. Apocalipse de Adão
2. Apocalipse de Baruc
3. Apocalipse de Moisés
4. Apocalipse de Sidrac
5. As Três Estelas de Seth
6. Ascensão de Isaías
7. Assunção de Moisés
8. Caverna dos Tesouros
9. Epístola de Aristéas
10. Livro dos Jubileus
11. Martírio de Isaías
12. Oráculos Sibilinos
13. Prece de Manassés
14. Primeiro Livro de Adão e Eva
15. Primeiro Livro de Enoque
16. Primeiro Livro de Esdras
17. Quarto Livro dos Macabeus
18. Revelação de Esdras
19. Salmo 151
20. Salmos de Salomão (ou Odes de Salomão)
21. Segundo Livro de Adão e Eva
22. Segundo Livro de Enoque (ou Livro dos Segredos de Enoque)
23. Segundo Livro de Esdras (ou Quarto Livro de Esdras)
24. Segundo Tratado do Grande Seth
25. Terceiro Livro dos Macabeus
26. Testamento de Abraão
27. Testamento dos Doze Patriarcas
28. Vida de Adão e Eva

NOVO TESTAMENTO

1. A Hipostase dos Arcontes
2. (Ágrafos Extra-Evangelhos)
3. (Ágrafos de Origens Diversas)
4. Apocalipse da Virgem
5. Apocalipse de João o Teólogo
6. Apocalipse de Paulo
7. Apocalipse de Pedro
8. Apocalipse de Tomé
9. Atos de André
10. Atos de André e Mateus
11. Atos de Barnabé
12. Atos de Filipe
13. Atos de João
14. Atos de João o Teólogo
15. Atos de Paulo
16. Atos de Paulo e Tecla
17. Atos de Pedro
18. Atos de Pedro e André
19. Atos de Pedro e Paulo
20. Atos de Pedro e os Doze Apóstolos
21. Atos de Tadeu
22. Atos de Tomé
23. Consumação de Tomé
24. Correspondência entre Paulo e Sêneca
25. Declaração de José de Arimatéia
26. Descida de Cristo ao Inferno
27. Discurso de Domingo
28. Ditos de Jesus ao rei Abgaro
29. Ensinamentos de Silvano
30. Ensinamentos do Apóstolo Tadeu
31. Ensinamentos dos Apóstolos
32. Epístola aos Laodicenses
33. Epístola de Herodes a Pôncio Pilatos
34. Epístola de Jesus ao rei Abgaro (2 versões)
35. Epístola de Pedro a Filipe
36. Epístola de Pôncio Pilatos a Herodes
37. Epístola de Pôncio Pilatos ao Imperador
38. Epístola de Tibério a Pôncio Pilatos
39. Epístola do rei Abgaro a Jesus
40. Epístola dos Apóstolos
41. Eugnostos, o Bem-Aventurado
42. Evangelho Apócrifo de João
43. Evangelho Apócrifo de Tiago
44. Evangelho Árabe de Infância
45. Evangelho Armênio de Infância (fragmentos)
46. Evangelho da Verdade
47. Evangelho de Bartolomeu
48. Evangelho de Filipe
49. Evangelho de Marcião
50. Evangelho de Maria Madalena (ou Evangelho de Maria de Betânia)
51. Evangelho de Matias (ou Tradições de Matias)
52. Evangelho de Nicodemos (ou Atos de Pilatos)
53. Evangelho de Pedro
54. Evangelho de Tome o Dídimo
55. Evangelho do Pseudo-Mateus
56. Evangelho do Pseudo-Tomé
57. Evangelho dos Ebionitas (ou Evangelho dos Doze Apóstolos)
58. Evangelho dos Egípcios
59. Evangelho dos Hebreus
60. Evangelho Secreto de Marcos
61. Exegese sobre a Alma
62. Exposições Valentinianas
63. (Fragmentos Evangélicos Conservados em Papiros)
64. (Fragmentos Evangélicos de Textos Coptas)
65. História de José o Carpinteiro
66. Infância do Salvador
67. Julgamento de Pôncio Pilatos
68. Livro de João o Teólogo sobre a Assunção da Virgem Maria
69. Martírio de André
70. Martírio de Bartolomeu
71. Martírio de Mateus
72. Morte de Pôncio Pilatos
73. Natividade de Maria
74. O Pensamento de Norea
75. O Testemunho da Verdade
76. O Trovão, Mente Perfeita
77. Passagem da Bem-Aventurada Virgem Maria
78. "Pistris Sophia" (fragmentos)
79. Prece de Ação de Graças
80. Prece do Apóstolo Paulo
81. Primeiro Apocalipse de Tiago
82. Proto-Evangelho de Tiago
83. Retrato de Jesus
84. Retrato do Salvador
85. Revelação de Estevão
86. Revelação de Paulo
87. Revelação de Pedro
88. Sabedoria de Jesus Cristo
89. Segundo Apocalipse de Tiago
90. Sentença de Pôncio Pilatos contra Jesus
91. Sobre a Origem do Mundo
92. Testemunho sobre o Oitavo e o Nono
93. Tratado sobre a Ressurreição
94. Vingança do Salvador
95. Visão de Paulo

ESCRITOS DE QUMRAN

1. A Nova Jerusalém (5Q15)
2. A Sedutora (4Q184)
3. Antologia Messiânica (4Q175)
4. Bênção de Jacó (4QPBl)
5. Bênçãos (1QSb)
6. Cânticos do Sábio (4Q510-4Q511)
7. Cânticos para o Holocausto do Sábado (4Q400-4Q407/11Q5-11Q6)
8. Comentários sobre a Lei (4Q159/4Q513-4Q514)
9. Comentários sobre Habacuc (1QpHab)
10. Comentários sobre Isaías (4Q161-4Q164)
11. Comentários sobre Miquéias (1Q14)
12. Comentários sobre Naum (4Q169)
13. Comentários sobre Oséias (4Q166-4Q167)
14. Comentários sobre Salmos (4Q171/4Q173)
15. Consolações (4Q176)
16. Eras da Criação (4Q180)
17. Escritos do Pseudo-Daniel (4QpsDan/4Q246)
18. Exortação para Busca da Sabedoria (4Q185)
19. Gênese Apócrifo (1QapGen)
20. Hinos de Ação de Graças (1QH)
21. Horóscopos (4Q186/4QMessAr)
22. Lamentações (4Q179/4Q501)
23. Maldições de Satanás e seus Partidários (4Q286-4Q287/4Q280-4Q282)
24. Melquisedec, o Príncipe Celeste (11QMelq)
25. O Triunfo da Retidão (1Q27)
26. Oração Litúrgica (1Q34/1Q34bis)
27. Orações Diárias (4Q503)
28. Orações para as Festividades (4Q507-4Q509)
29. Os Iníquos e os Santos (4Q181)
30. Os Últimos Dias (4Q174)
31. Palavras das Luzes Celestes (4Q504)
32. Palavras de Moisés (1Q22)
33. Pergaminho de Cobre (3Q15)
34. Pergaminho do Templo (11QT)
35. Prece de Nabonidus (4QprNab)
36. Preceito da Guerra (1QM/4QM)
37. Preceito de Damasco (CD)
38. Preceito do Messianismo (1QSa)
39. Regra da Comunidade (1QS)
40. Rito de Purificação (4Q512)
41. Salmos Apócrifos (11QPsa)
42. Samuel Apócrifo (4Q160)
43. Testamento de Amran (4QAm)

OUTROS ESCRITOS

1. História do Sábio Ahicar
2. Livro do Pseudo-Filon

Fonte: Wikipédia 

Apocalipse de Elias

(Seqüência do Apocalipse de Sofonias, Cap. 18, 6)




Capítulo 19
Palavras de exortação
1 A palavra do Senhor revelou-se em mim: "Filho do homem! Dize a esse povo: "Por que acumulais pecados sobre pecados? Por que entristeceis a Deus, o Senhor, que vos criou? Não ameis este mundo nem as coisas que nele existem! A glória do mundo pertence ao demônio, e dele também é a sua dissolução."
2 Lembrai-vos de que o Senhor Todo-Poderoso, Aquele que tudo criou, é cheio de compaixão para conosco! Ele deseja libertar-nos do cárcere do tempo presente. Muitas vezes o demônio desejou que o sol não mais brilhasse sobre a terra e que a terra não mais produzisse os seus frutos. Ele quis, qual chama, devorar os homens e, rugindo, caminhava de cá para lá, como um leão, para estraçalhá-los.
Capítulo 20
O Filho de Deus
1 Por isso, o Deus da glória teve piedade de nós, e enviou o seu Filho a este mundo, para que Ele nos salvasse da prisão. E quando Ele veio a nós, não se revelou na forma de Anjo, nem de Arcanjo, nem de qualquer outra potestade, mas comportou-se muito mais como um homem, para nos remir. Por isso, sede seus filhos, da mesma forma como Ele é vosso Pai! Lembrai-vos de que, no céu, Ele já vos tem preparados tronos e coroas, com as seguintes palavras: "Vós todos, que me ouvis, recebei esses tronos e essas coroas."
2 Eis que fala o Senhor: "Eu inscreverei o meu nome na fronte dos que são meus e assinalarei com um selo a sua mão direita."
Capítulo 21
O destino final dos justos e dos pecadores
1 "Então eles não sentirão mais fome e não terão mais sede. O Filho do Pecado nada poderá contra eles; nem os Tronos se lhes oporão, mas ao contrário, eles caminharão com os Anjos até a minha cidade, os pecadores, porém, ficarão consternados; não passarão pelos Tronos. os Tronos os agarrarão e os submeterão a si, porque os Anjos com eles não se aliam, tendo eles se tornado estranhos à sua morada.
2 "Ficai atentos, vós os sensatos da terra, aos falsos profetas, que serão numerosos no final dos tempos! Eles vos ensinarão doutrinas que não são as doutrinas de Deus; subverterão as leis divinas.
Capítulo 22
Os jejuadores
1 "Eles, que da noite fazem o dia, quando dizem: 'O jejum não existe. Deus não o ordenou'. Eles se afastam da Aliança e privam-se das promessas divinas. Estas. porém, repousam por todos os tempos ancoradas na fé. Não deixeis, portanto, que eles vos corrompam!"
2 Lembrai-vos de que o Senhor, que criou os céus, ordenou o jejum para o bem dos homens, em vista das suas paixões e desejos que estão em luta convosco, a fim de que o Maligno não vos domine! "Um jejum puro eu instituí", disse o Senhor.
Capítulo 23
O jejum verdadeiro
1 Aquele que jejua sempre não peca; nele não se encontram nem ciúmes, nem discórdia. Aquele que é puro pude então jejuar. Aquele, porém,que jejua, sendo impuro, aborrece ao Senhor, também aos Anjos: e assim, reserva sofrimentos para a sua alma, pois acumula sobre si muita ira para o Dia da Ira. Eu estabeleci um jejum puro para aqueles que possuem um coração puro e mãos puras.
2 Ele apaga os pecados, cura as enfermidades, afasta os maus espíritos e tem força até junto ao trono de Deus. Os pecados também serão perdoados pela oração, à oração pura. Quem de vós vai ao campo para tornar-se merecedor de alto apreço pelo seu trabalho, sem levar consigo os instrumentos necessários?
Capítulo 24
Contra a dúvida
1 Quem vai à guerra, para lutar, sem levar uma couraça? Por acaso aquele que avança sobre ele não o matará? Descumpriu, dessa forma, os planos do seu rei. Da mesma forma, ninguém deve dirigir-se ao Templo com um coração cheio de dúvidas. E aquele que, ao orar, hesita, procede como inimigo de si próprio e põe-se também em desacordo com os Anjos.
2 Guardai, pois, sempre um coração confiante no Senhor, para que tudo possais ver com clareza! "Assim, nem os reis assírios, nem o colapso dos céus e da terra, nem todas as forças do Hades poderão levar de vencida os meus", assim diz o Senhor! Eles não se abalarão diante das muitas lutas.
Capítulo 25
Os dois reis
1 Se virdes um rei que se levanta ao Norte, sabei que é o rei dos assírios, portanto, o rei da prevaricação. Ele espalhará numerosos conflitos de guerra sobre o Egito. A terra será de golpe mergulhada em gemidos, e raptados serão os vossos filhos. E muitos, naqueles dias, desejarão a morte. Mas a morte fugirá deles.
2 E então surgirá um rei no ocidente; ele será chamado o rei da paz. E ele caminhará sobre o mar, como um leão a rugir. E então matará o rei da prevaricação. Também, por toda terra do Egito, ele tomará vingança da guerra e do derramamento de sangue.
Capítulo 26
O rei da paz
1 E ele promoverá a paz, a partir do Egito, mas fará um presente enganoso. Dará a paz aos que são santos, dizendo: "O nome do Senhor é absolutamente único". Restabelecerá a honra dos sacerdotes de Deus e restaurará os lugares sagrados. Dará presentes simbólicos à casa de Deus e se afastará das cidades egípcias de maneira astuciosa, sem que estas percebam.
2 Ele contará os lugares sagrados, avaliará as imagens dos ídolos pagãos, contará os seus tesouros e lhes designará sacerdotes. Depois disso, mandará prender os sábios da terra, bem como os grandes dentre o povo, e os fará transportar à capital, junto ao mar. Ele diz:... (lacuna)
Capítulo 27
As indigências do Egito
1 Naqueles dias, as cidades egípcias estarão em lamentos. Já não se ouvirão as vozes dos comerciantes nem dos compra-dores. Dissolver-se-ão os mercados das cidades egípcias; de repente, os egípcios chorarão e desejarão a morte. Mas a morte fugirá deles, nada mais querendo deles saber. Naqueles dias, eles fugirão para o alto dos rochedos e se atirarão para baixo, exclamando: "Caiam sobre nós!"; mas não hão de morrer.
2 Recrudescerá, naqueles dias, um tormento diferente sobre toda a terra. O rei ordenará a captura de todas as mulheres que amamentam e as mandará vir agrilhoadas à sua presença, para que dêem as tetas aos dragões.
Capítulo 28
Assassinato das crianças
1 E que estes suguem todo o sangue dos seus peitos; depois disso, serão elas entregues às chamas da fornalha. E qualquer que seja a calamidade das cidades, ele ainda ordenará que sejam capturadas todas as crianças com menos de doze anos e sejam lançadas às chamas.
2 Então a parteira da região lamentar-se-á junto aos recém-nascidos, erguerá os seus olhos ao céu e dirá: "Por que motivo estou eu aqui, ajudando crianças a virem ao mundo?" As estéreis e as virgens, porém, se alegrarão, e dirão: "Agora cabe a nós alegrar-nos, porque não temos filhos. Pois nossos filhos estão no céu."
Capítulo 29
Três reis
1 Naqueles dias, levantar-se-ão três reis da Pérsia e levarão consigo os judeus do Egito, transportá-los-ão para Jerusalém e ali os haverão de estabelecer. Sabei então que haverá discórdias em Jerusalém, quando vós, os sacerdotes da terra, havereis de rasgar as vossas vestes! Puis então não demorará a vir o Filho do Pecado. E naqueles dias, o Sem-Lei aparecerá nos lugares sagrados.
2 Naqueles dias, os reis persas fugirão na luta contra os reis assírios. Quatro reis lutam contra três; durante três anos eles permanecerão naquele lugar, até levarem embora o tesouro do Templo.
Capítulo 30
Calamidades do Egito
1 Naqueles dias, escorrerá o sangue de Kos até Memphis e o rio do Egito será tingido de sangue, de sorte que durante três dias não se poderá beber das suas águas. Ai da terra do Egito e dos seus habitantes! Naqueles dias, levantar-se-á um rei, numa cidade chamada "Cidade do Sol". Toda a região será assolada e todos fugirão para Memphis.
2 os reis persas, no sexto ano, utilizar-se-ão de um ardil em Memphis, e matarão o rei da Assíria. os persas tomarão vingança em todo o país, mandando matar todos os pagãos. Mandarão também que se reconstrua o Templo Sagrado e darão donativos dobrados para a Casa de Deus.
Capítulo 31
O falso ungido
1 Eles dirão: "O nome do Senhor é único". Todo o país prestará homenagem aos persas. E aqueles que não perecerem no infortúnio dirão: "O Senhor nos enviou um grande rei, para que o pais não se torne um deserto". Durante três anos e seis meses, o rei deixará de receber tributos. Tudo o país encher-se-á de muitos bens e prosperidade.
2 Então os vivos dirigir-se-ão aos mortos, dizendo: 'Levantai-vos e permanecei conosco nesta tranqüilidade'. No quarto ano do reinado daquele rei, manifestar-se-á o Filho do Pecado; e ele dirá: "Eu sou o Ungido", conquanto não o seja. Não acrediteis nele!
    Capítulo 32
O Ungido
1 Quando o Ungido vier, Ele o fará numa forma semelhante a uma pomba; e virá cercado de uma coroa de pombas; e flutuará nas nuvens do céu, precedido do sinal da cruz. Todo o mundo presenciará esse espetáculo, desde o nascer do sol até o seu ocaso. Assim Ele virá e  todos os seus Anjos estarão com Ele. O filho do Pecado procurará então manter-se firme nos lugares sagrados. Ele dirá ao sol: "Cai!" E ele cairá.
2 Depois dirá: "Brilha!" E ele brilhará. Dirá: "Escurece!" E ele escurecerá. Ele dirá à lua: "Fica da cor do sangue!" E ela obedecerá.
Capítulo 33
Os prodígios do Anticristo
1 Ele caminhará sobre o mar e sobre os rios como se fora em terra firme. Ele fará os coxos andarem e os mudos falarem, fará os cegos verem e purificará os leprosos. Curará os doentes e expulsará os maus espíritos dos possessos; diante de todos operará muitos sinais e prodígios. Ele realizará as obras que o Ungido realizava; apenas não poderá ressuscitar os mortos.
2 E assim reconhecereis que ele é o Filho do Pecado; porque sobre a alma ele não tem poder. Eu vos darei os seus traços para que possais reconhecê-lo: Ele não é muito velho, é bastante jovem, tem pernas finas; na sua testa tem uma mecha de cabelos brancos; o crânio, completamente calvo, e as suas sobrancelhas alcançam até as orelhas; no dorso das suas mãos, manchas de lepra.
Capítulo 34
O Anticristo
1 Ele muda de aspecto diante das pessoas que o encaram. Ora é velho, ora volta a ser jovem; ele se transforma nos seus traços; só não pode mudar os sinais da sua cabeça. Por esse meio, podereis reconhecer que ele é o Filho do Pecado.
2 A virgem Tabitha ouvirá dizer que o Desavergonhado se mostrou nos lugares santos. Ela envolver-se-á num vestido de abisso e segui-lo-á à Judéia, maldizendo-o até Jerusalém.
Capítulo 35
Ameaças contra o Anticristo
1 "Desavergonhado! Filho do Pecado, inimigo declarado de todos os santos!" Então o Desavergonhado voltar-se-á cheio de ira contra a virgem e persegui-la-á até o ocidente. Chupará o seu sangue ao cair da noite e o derramará sobre o Templo. Mas este sangue será salvífico para o povo. Ao amanhecer, ela levantar-se-á, viva, e o maldirá com estas palavras: "ó tu, Desavergonhado, não tens poder sobre a minha alma nem sobre meu corpo. Eu vivo perenemente no Senhor.
2 "Sobre o Templo derramaste o meu sangue; ele serviu de salvação para o povo." Mas eis que Enoch e Elias ouvirão dizer que o Desavergonhado apareceu nos lugares santos; e então eles descerão dos céus para lutar contra ele e assim falarão: "Não tens nenhuma vergonha de insinuar-te junto aos santos? Es para eles irredutivelmente um estranho. Tu te tornaste um inimigo dos habitantes do céu, inimigo também dos habitantes da terra. Foste inimigo dos Tronos; foste inimigo dos Anjos. Es o tempo todo um estranho. Tu te precipitaste do céu como a estrela da manhã. Tu te transformaste, mas a tua substancia inimiga depunha contra ti. Não tens nem um pouco de vergonha de aproximar-te de Deus, sendo tu um demônio.
2 Ao ouvir isso, o Desavergonhado se enfurecerá e entrará em luta com eles, na praça da grande cidade, durante sete dias. Mortos eles jazerão três idas e meio na praça, a vista a todo o povo. Mas no quarto dia, eles se levantarão e voltarão a admoestá-lo: "O grande Impudente! Filho do pecado! Não tens o menor pejo de desencaminhar o povo de Deus, tu que por ele nada sofreste? Não sabes que nós vivemos no Senhor, para te contradizer sempre que disseres: eu os venci?
3 "Nós nos desvestiremos da carne corporal e haveremos de matar-te; tu porém, naquele dia, não conseguirás abrir a boca para falar. Pois nós somos constantemente fortes no Senhor, tu, porém, és inimigo de Deus para sempre." O Desavergonhado ouvirá isso e encher-se-á de rancor, e voltará a bater-se com eles; a cidade inteira estará presente e assistirá.
4 Mas eles, naquele dia, proferirão exclamações de júbilo ao céu e resplandecerão, sob as vistas de todo o povo e de todo o inundo. E o Filho do Pecado não conseguirá eliminá-los.
Capítulo 36
Os sofrimentos dos justos
1 Ele se enfurecerá com o país e procurará infligir danos ao povo. E assim, perseguirá a todos os santos que, juntamente com as sacerdotes do pais, serão acorrentados e arrastados para longe. Ele os matará.
2 os seus olhos serão perfurados com pontas de ferro, o couro das suas cabeças será arrancado e arrancadas serão as suas unhas, unta por uma. Derramará nos seus narizes lixívia e vinagre. Aqueles, porém, que não se sujeitarem a suportar as torturas do rei fugirão com o seu ouro, para a beira dos rios; e dirão: transportai-nos para o deserto!" Então, como que entorpecidos, eles adormecerão.
Capítulo 37
A ressurreição dos justos
1 O Senhor acolherá junto de si seus espíritos e suas almas; e suas carnes se converterão em pedras e nenhum animal a devorará, até o último dia da prestação final das contas. Eles haverão de ressuscitar e encontrar um lugar de repouso, mas não no reino do Ungido, como aqueles que suportarem até o fim.
2 Sobre estes dirá o Senhor: "Eu os farei sentarem-se à minha direita". Eles serão agraciados antes dos outros. Eles vencerão o Filho do Pecado, presenciarão a dissolução dos céus e da terra e receberão os tronos e as coroas, com grande esplendor. Naqueles dias, serão escolhidos sessenta justos; armar-se-ão da couraça de Deus e se apressarão a ir para Jerusalém, a fim de lutar contra O desavergonhado, dizendo:
Capítulo 38
O Anticristo
1 "Tu praticaste todas as grandes obras que um dia foram realizadas pelos Profetas. Mas os mortos tu não pudeste ressuscitar; porquanto sobre as almas não tens poder algum. Por isso é que reconhecemos em ti o Filho do Pecado."
2 O Desavergonhado ouvirá isso, encher-se-á de furor e ordenará que se ateie fogo aos altares, e que os justos sejam manietados e lançados sobre eles, para que ardam. Naquele dia, o coração de muitos se revoltará contra ele; acudirão à sua presença, exclamando: "Este não é o Ungido; pois o Ungido não mata os justos e não persegue os amantes da verdade. Não procura ele muito mais convencê-los com sinais e obras prodigiosas?"
3 Naquele dia, o Ungido terá compaixão dos seus, e dos céus enviará os seus Anjos; estes serão em número de sessenta e quatro mil; e cada um deles terá seis asas.
Capítulo 39
Os redimidos
1 A voz deles fará estremecer os céus e a terra, ao entoarem o canto de louvor. E todos aqueles em cuja fronte está inscrito o nome do Ungido, em cujas mãos está impresso o seu sinal, tanto grande quanto pequeno, serão recebidos sobre as suas asas, e subtraídos à cólera dele.
2 Então Gabriel e Uriel formarão uma coluna de luz e irão à frente deles para a Terra Santa, e os farão comer da Árvore da Vida e os cobrirão de vestes brancas. os Anjos os protegerão; não sofrerão sede, nem passarão fome; nem poderá o Filho do Pecado ter qualquer poder sobre eles.
3 Naquele dia, a terra haverá de tremer e o sol escurecerá. Então a paz e o espírito serão eliminados da terra. As árvores serão arrancadas e cairão; os animais selvagens morrerão em pânico e assim também os animais domésticos.
Capítulo 40
O Anticristo
1 os pássaros cairão mortos no chão. A terra ficará completamente seca e também secarão as águas do mar. Os pecadores sobre a terra suspirarão, dizendo: "Que nos fizeste, ó tu, Filho do Pecado? Tu que dizias: 'Eu sou o Ungido', quando na verdade és o Filho do Pecado. A ti mesmo não podes salvar, quanto menos a nós. Na nossa presença operaste milagres falsos, a ponto de haver-nos afastado do Ungido, que nos criou.
2 "Ai de nós, que te seguimos! Ficaremos agora mergulhados na indigência e na fome, onde está agora a presença de um justo, a quem possamos recorrer; onde está quem nos instrui, para que possamos invocá-lo? Agora seremos esmagados pela ira, pois acreditamos no Desobediente, contra Deus. Formos aos lugares mais fundos do mar, mas não encontramos água.
3 "Cavamos o leito dos rios até dezesseis côvados, igualmente não encontramos água." Diante disso, o Desavergonhado, naquele dia, cairá em gemidos, dizendo: "Ai de mim, que o meu tempo esgotou-se! Eu dizia que o meu tempo não haveria de passar. Agora os meus anos passaram a ser meses e os meus dias voam como grânulos fugidios de poeira. Agora encaminho-me convosco para a perdição. Voai imediatamente para o deserto! Agarrai os ladrões! Matai-os! Trazei para cá os santos!
4 "Por amor a eles a terra produza frutos. Por amor a eles volte também o sol a brilhar sobre a terra. Por amor a eles torne o orvalho a descer sobre a terra." os pecadores então cairão no choro, dizendo: "tu nos afastaste de Deus. Se tens a capacidade, levanta-te e persegue-os!" Então ele apanhará as suas asas de fogo e voará na perseguição dos santos. Lutará com eles mais uma vez. os Anjos ouvirão a batalha e acorrerão do alto e o atacarão com muitas espadas. Naqueles dias, o Senhor, ao ouvir o tumulto, ordenará aos céus a à terra, com grande ira, que se incendeiem. As chamas levantar-se-ão da terra a setenta e dois côvados de altura e consumirão os pecadores e os demônios, como se fossem caniços.
Capítulo 41
O Julgamento
1 Naquele dia, haverá um julgamento justo; as montanhas e a terra responderão por si. Os maus dirão: "Ouvistes hoje a voz de algum homem que não chegou ao Julgamento do Filho de Deus?" Os pecados de cada um comparecerão à sua presença, da forma e no lugar" em que foram cometidos, tantos os pecados diurnos como os pecados noturnos.
2 Entretanto, os justos observarão os ímpios que serão castigados, vendo-os reunidos aqueles que outrora os perseguiram, e àqueles que outrora os entregaram à morte. Os pecadores, por sua vez, ficarão olhando os lugares reservados aos justos, e onde lhes será concedida a recompensa.
Capítulo 42
O fim do Anticristo
1 Naquele dia, será concedido aos justos aquilo que tanto suplicaram. Naquele dia, o Senhor julgará os céus e a terra; julgará aqueles que nos céus e na terra já se foram; julgará também os pastores do povo e os interrogará sobre o rebanho. Este ser-lhe-á entregue sem exceções.
2 E então descerão Enoch e Elias, desvestir-se-ão da carne do mundo e cobrir-se-ão das vestes do espírito. E então eles perseguirão o Filho do Pecado e o matarão, sem que ele possa abrir a boca.
Capítulo 43
Novos céus e nova terra
1 Naquele dia, ele será aniquilado na presença d'Ele, diluir-se-á como o gelo ao fogo. Ele será esmagado como a um dragão, sem que possa dar um suspiro. E ser-lhe-á dito: "Passado é o teu tempo. Serás agora eliminado, juntamente com aqueles que em ti acreditaram."
2 E serão arremessados nas profundezas do abismo, e este desmoronará sobre eles. Naquele dia virá o Ungido, o Rei,procedente do céu, junto com todos os santos, e ateará fogo à terra, e o fogo permanecerá sobre ela por mil anos. Por ter sido ela dominada por pecadores, Ele criará um novo céu e uma nova terra, onde não existirá mais nenhum demônio.
Capítulo 44
O Messias
1 Então ele reinará com os santos, enquanto sobe e enquanto desce; e os santos também estarão o tempo todo com os Anjos e com o Ungido, durante mil anos. Fim

17 de julho de 2013

Apócrifos e Pseudo-epígrafos da Bíblia

Tradução
Cláudio J. A. Rodrigues

Editora Cristã Novo Século
Editores: Eduardo de Proença, Eliana Oliveira de Proença
Capa: Eduardo de Proença
Diagramação e Fotolitos: Alpha Design

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Os Livros Apócrifos e o estudo das Sagradas Escrituras

Eusébio de Cesareia (1) autor ele História Eclesiástica, no capítulo intitulado as divinas Escrituras reconhecidas e das que não o são, após apontar os livros do Novo Testamento na ordem como os temos hoje na Bíblia Sagrada, menciona outros escritos conhecidos e difundidos pela cristandade no século IV. Ainda que não incorporadas no rol dos textos divinamente inspirados pelo Espírito Santo, algumas destas obras são destacadas pelo historiador, tais como o Evangelho dos hebreus, Cartas de Barnabé e Apocalipse de Pedro, dentre tantas outras que circulavam livremente pelas igrejas. Para ele, estes escritos apócrifos distinguem-se dos que a tradição da Igreja julgou verdadeiros, genuínos admitidos, principalmente porque nenhum dos escritores ortodoxos, os chamados apostólicos, mencionavam tais fontes. Também julgava Eusébio que nestas obras o estilo pensamento e a intenção dos apóstolos não se faziam refletir e, por isso, considera necessidade de rechaçá-los como inteiramente absurdos e ímpios. Não obstante o  repudio incisivo das autoridades eclesiásticas, a circulação sub-reptícia dos apócrifos perdurou firmemente. Aliás, os reflexos do conteúdo deste material podem ser percebidos na produção da arte cristã que marcou todo o período da Idade Média.
Resultado da tradição oral dos primeiros crentes da era cristã, os apócrifos tornaram-se importantes documentos reveladores do modo como vivia e pensava uma grande parcela da cristandade, cuja voz ficou abafada pela Igreja Oficial. Produzidos para satisfazer as curiosidades populares a respeito da infância de Jesus e de seus pais, bem como a estabelecer as raízes da nova religião, tais escritos revelam, por um lado, as idiossincrasias do pensamento e das práticas judaicas que marcaram a origem do cristianismo, e outro, refletem a efervescente e plural cultura gentílica com a qual o Cristianismo passou a lidar cotidianamente em seu processo de expansão.
Muitos séculos depois, a despeito de não terem sido incluídos no cânone das Escrituras cristãs, tais textos continuam despertando a curiosidade do crescente número de interessados nas coisas da Religião. Todavia, o desconhecimento generalizado do conteúdo dos apócrifos tem gerado especulações que somente o exame acurado de seu real teor pode dirimir. Ao editar estes livros, pela primeira vez reunidos em volume único longe de apresentar uma nova Bíblia aos cristãos, o nosso objetivo é disponibilizar fontes primárias de um compêndio de riqueza informativa incomensurável para a plena compreensão do Cristianismo e estreitar o contato com a herança literária legada pelos movimentos populares que se mantiveram marginais no curso da História da Igreja.
A publicação dos proscritos da Bíblia converte-se em uma nova contribuição os interessados em aprofundar os estudos das Sagradas Escrituras, através de seu cotejo com a produção literária apartada do cânon tradicional. Destarte, o entendimento dos motivadores ideológicos que serviram à produção de ambos, bem como as razões que levaram a Igreja a adotar alguns textos como inspirados e reprovar outros como de origem espúria ou apócrifa, motivar-nos-á reafirmar o amor pela Palavra de Deus.
Prof. Dr. Jaime dos Reis Sant'Anna

(1) História Eclesiástica (Trad. Wolfgang Fischer). São Paulo, Editora Novo Século. 1999, p. 99-100

Sumário

PARTE I

TEXTOS JUDAICOS E PSEUDO-EPÍGRAFOS
Primeiro Livro de Adão e Eva (O Conflito de Adão e Eva com Satanás) / 08
O Segundo Livro de Adão e Eva / 86
Livro dos Segredos de Enoque / 116 
Livro da Ascenção de Isaías / 146
Conto dos Patriarcas / 168
O Martírio de Isaías / 175
Melchizedek / 180
Narração do Dilúvio da Epopéia de Gilgamesh (Relato Babilônico) / 187
O Testamento de Abraão / 192
A Assunção de Moisés / 216
Caverna dos Tesouros /223
Livro de Enoque (I Enoque) / 293
Primeira Parte: O Livro dos Anjos
As Viagens de Enoque
Segunda Parte - As Alegorias
Terceira Parte
Quarta Parte
Quinta Parte
Final do livro
Testamento dos Doze Patriarcas / 380
1. Testamento de Rubén - Da Intenção / 380
II. O Testamento de Simeão - Da Inveja / 386
III. Testamento de Levi - Do sacerdócio e da presunção / 390
Testamento mais antigo de Levi - Fragmento aramaico 
IV. Testamento de Judá - Da valentia, da cobiça material e da luxúria / 405 
V. Testamento de Issachar - Da simplicidade / 416
VI. Testamento de Zebulon - Da compaixão e misericórdia / 420 
VII. Testamento de Dan - Da raiva e da mentira / 425 
VIII. Testamento de Nephtali - Da bondade / 429
VIII. Testamento de Nephtali - Segundo a crônica hebraica de Jerchmeel / 434
IX. Testamento de Gad - Do ódio / 441
X. Testamento de Aser - Do duplo aspecto da maldade e da virtude /445
XI. Testamento de José - Da castidade / 449
XII. Testamento de Benjamim - Da reta intenção / 458
O Hino da Pérola / 464
Sobre a Origem do Mundo / 468
O Livro dos Jubileus / 487

PARTE II

LIVRO DA INFÂNCIA DO SALVADOR / 491
A História de José, o Carpinteiro / 495
Evangelho Árabe da Infância / 513
Excertos do Evangelho Armênio da Infância / 535 
José e Asenath / 539
Evangelho Pseudo-Mateus da Infância (O Livro Sobre a Origem da Abençoada Maria e a Infância do Salvador - Apócrifo Cristão) / 572
Evangelho Pseudo-Tomé (Narrações sobre a Infância do Senhor, por Tomé, Filósofo Israelita) / 578

PARTE III

EVANGELHOS / 586
Proto-Evangelho de Tiago (Natividade de Maria) / 586
Evangelho de Nicodemus (Atos de Pilatos) / 6 00
Descida de Cristo ao Inferno (Versão Grega) / 621
Descida de Cristo ao Inferno (Versão Latina) / 628
Evangelho de Bartolomeu (Tradução da Versão Latina) / 637
Evangelho de Pedro / 652
- A Infância de Cristo segundo Pedro
- A Crucificação de Cristo segundo Pedro
Evangelho Segundo Tomé, o Dídimo / 688
Excertos do Evangelho de Maria / 701
Agrapha Extra-Evangelho / 704
Evangelho Segundo Felipe / 711
O Evangelho da Verdade / 732
O Evangelho de Valentino / 744

PARTE IV

EPÍSTOLAS / 824
Ciclo de Pilatos
Retrato de Jesus
Carta de Lentulus Publius, de Jerusalém, ao Imperador Tibério César /824
Retrato do Salvador (Nicephorus Calixtus) / 825
Carta de Pôncio Pilatos Dirigida ao Imperador Romano Sobre Nosso Senhor Jesus Cristo / 825
Carta de Tibério a Pilatos / 826
Relatório do Governador Pilatos Sobre Nosso Senhor Jesus Cristo, Enviado a César Augusto em Roma / 829
Correspondência entre Pôncio Pilatos e Herodes / 832
Carta de Pilatos a Herodes / 833
Carta de Herodes a Pilatos / 834
Julgamento e Condenação de Pilatos / 836
Morte de Pilatos, o que Condenou Jesus / 839
Sentença Dada por Pôncio Pilatos Contra Nosso Senhor Jesus Cristo / 842
A Vingança do Salvador / 844
Declarações de José de Arimatéia, Aquele que reclamou o Corpo do Senhor, e que contem a Causa dos dois Ladrões / 854
Cartas do Senhor
Cópia da Carta que o Rei Abgaro escreveu a Jesus e que lhe enviou a Jerusalém por Intermédio do Mensageiro Hannan / 860
Resposta que Enviou Jesus ao Rei Abgaro pelo Mensageiro Hannan / 861
Resposta de Jesus - (Segundo Versão de Louis de Dieu) / 862
Ditames que acompanharam a resposta de Jesus (Segundo o Manuscrito Árabe da Biblioteca de Leyden) / 862
Discurso Sobre o Domingo (Dia Santo do Senhor Entre Todos os Outros, em que Jesus Cristo, Nosso Deus e Senhor, Ressuscitou Dentre os Mortos, Abençoe, Senhor) / 863
Apócrifos da Assunção - Livro de São João Evangelista (o Teólogo), Tratado de São João, o Teólogo, Sobre a Passagem da Santa Mãe de Deus / 867
Passagem da Bem-Aventurada Virgem Maria (Narração Erroneamente Atribuída a José de Arimatéia) / 879
Didaché - O Ensino dos Doze Apóstolos (Fim do primeiro século) / 886

PARTE V

APOCALIPSES / 894
Apocalipse de Baruch / 894
Apocalipse de Adão / 939
Apocalipse de Abraão / 947
Parte I - A Narrativa /
Parte II
Apocalipse de Moisés / 970
Apocalipse de Elias (seqüência do Apocalipse de Sofonias, Cap. 18,6) / 982
Apocalipse de Pedro / 992
Apocalipse de Tóme / 999























PARTE 1

TEXTOS JUDAICOS E PSEUDO-EPÍGRAFOS

O Primeiro Livro de Adão e Eva
O Conflito de Adão e Eva com Satanás

Capítulo 1
Ao TERCEIRO DIA, Deus plantou o jardim a leste da terra, no extremo leste do mundo, além do qual, em direção ao nascente, não se acha nada além de água, que circunda o mundo inteiro, e alcança os limites do céu.
2 E ao norte do jardim há um mar de água, claro e puro ao paladar, como nada se iguala; de maneira que, através de sua transparência, pode-se olhar para as profundezas da terra.
3 E quando um homem lava-se nela, torna-se limpo por sua limpidez e branco por sua brancura, mesmo que ele estivesse escuro.
4 E Deus criou este mar de Seu próprio agrado, pois Ele sabia o que seria do homem que Ele iria fazer; assim, após deixar o jardim, por causa de sua desobediência, nasceriam homens na terra, dentre os quais morreriam os justos cujas almas Deus faria ressurgir no último dia; quando então voltariam à sua carne, banhar-se-iam na água do mar, e todos se arrependeriam de seus pecados.
5 Mas quando Deus fez Adão sair do jardim, Ele não colocou na fronteira norte, para que não se aproximasse do mar de água, e ele e Eva se lavassem nele, e se tomassem limpos de seus pecados, esquecendo a desobediência cometida.
6 Então, novamente, quando ao lado sul do jardim, não agradava a Deus permitir a Adão lá habitar; pois, quando o vento soprasse do norte, tra-lhe-ia no lado sul, o delicioso aroma daquelas árvores do jardim.
7 Por isso Deus não colocou Adão ali para que não aspirasse o doce aroma daquelas árvores, esquecendo sua desobediência e encontrando alívio ao se deliciar com o aroma das árvores, e assim se limpasse c sua desobediência.
8 Novamente, também porque Deus é misericórdia e de grande piedade, e governa todas as coisas de uma maneira que somente Ele sabe, Ele fez nosso pai Adão habitar na fronteira oeste do jardim, porque daquele lado a terra é muito extensa.
9 E Deus ordenou-lhe que ali habitasse numa caverna dentro da rocha, a Caverna dos Tesouros, abaixo do jardim.
Capítulo 2
1 Mas quando nosso pai Adão e Eva saíram do jardim, palmilharam o chão com seus pés sem saber por onde caminhavam.
2 E quando chegaram à abertura dos portões do jardim e viram a terra vasta estendendo-se diante deles, coberta de pedras grandes e pequenas, e de areia, tiveram medo e tremeram, e prostraram-se com suas faces no chão, acometidos pelo medo; e jaziam como mortos.
3 Porque haviam estado até então na terra do jardim, bela-mente plantada com toda a espécies de árvores, e agora se viam numa terra estranha que não conheciam e nunca tinham visto.
4 E porque naquele tempo eles eram cheios de graça e de uma natureza luminosa, e não tinham o coração voltado para coisas terrenas.
5 Por isso Deus teve piedade deles; e quando Ele os viu caídos defronte ao portão do jardim, enviou Sua Palavra ao pai Adão e a Eva, e ergueu-os de sua prostração.
Capítulo 3
1 Deus disse a Adão: "Eu ordenei os dias e os anos nesta terra, e tu e tua descendência deverão habitar e caminhar nela, até se cumprirem os dias e os anos: então Eu enviarei a Palavra que te criou, e à qual tu desobedeceste. a Palavra que te fez sair do jardim. e que te ergueu quando tu estavas caído.
2 "Sim, a Palavra que te salvará novamente quando os cinco dias e meio estiverem consumados.
3 Mas ao ouvir estas palavras de Deus, acerca dos grandes cinco dias e meio, Adão não entendeu o seu significado.
4 Pois Adão estava pensando que haveria somente cinco dias e meio para ele, até o fim do mundo.
5 E Adão chorou e suplicou a Deus que lhe explicasse isto.
6 Então Deus, em Sua misericórdia por Adão, que fora feito segundo Sua própria imagem e semelhança, explicou-lhe que estes eram cinco mil e quinhentos anos; e como o Um vi-ria para salvá-lo e à sua descendência.
7 Mas Deus fizera antes disso esta aliança com nosso pai Adão, nos mesmos termos, quando ele saiu do jardim e se encontrava junto à árvore da qual Eva tomara do fruto e lho dera a comer.
8 Porquanto, ao sair do jardim, nosso pai Adão passou por aquela árvore e viu como Deus então havia mudado sua aparência para uma outra forma e como ela ressecara.
9 E aproximando-se dela Adão teve medo, tremeu e caiu; mas Deus, em Sua misericórdia, ergueu-o, e então fez esta aliança com ele.
10 E, novamente, quando Adão estava junto ao portão do jardim e viu o querubim, com uma espada de fogo fulgurante na mão, encolerizar-se e fitá-lo com desagrado, tanto ele quanto Eva ficaram com medo dele e pensaram que ele tencionava matá-los. Assim eles prostraram-se e tremeram de medo.
11 Mas ele apiedou-se deles e mostrou-lhes misericórdia; e, voltando-se, subiu ao céu e suplicou ao Senhor, e disse:
12 "Senhor, Vós me enviastes para guardar o portão do jardim com uma espada de fogo.
13 "Mas quando Vossos servos Adão e Eva viram-me, prostraram-se e ficaram como mortos. O meu Senhor, que devemos fazer com Vossos ser-vos?"
14 Então Deus apiedou-se deles e mostrou-lhes misericórdia, e enviou Seu anjo para guardar o jardim.
15 E a Palavra do Senhor veio a Adão e Eva e ergueu-os.
16 E o Senhor disse a Adão: "Eu te disse que ao final dos cinco dias e meio Eu enviaria minha Palavra e salvar-te-ia.
17 "Fortalece pois teu coração, e habita na Caverna dos Tesouros, da qual Eu te falei antes."
18 E quando Adão ouviu esta Palavra de Deus, ele foi consolado pelo que Deus lhe tinha dito. Pois Ele lhe dissera corno o salvaria.
Capítulo 4
1 Mas Adão e Eva choraram por terem de sair do jardim, a sua primeira habitação.
2 E, certamente, quando Adão olhou para sua carne, que estava alterada, chorou amargamente, ele e Eva, pelo que haviam feito. E eles caminharam e desceram docilmente para a Caverna dos Tesouros.
3 E ao chegarem Adão lamentou-se e disse a Eva: "Olha para esta caverna que será nos,sa prisão neste mundo, é um lugar de castigo!
4 "Que é isto comparado com o jardim? Que é esta estreiteza comparada como o espaço do outro?
5 "Que é esta rocha ao lado destas grutas? Que são as trevas desta caverna comparada à luz do jardim?
6 "Que é esta lápide de rocha suspensa para nos abriga comparada à misericórdia do Senhor que nos acolhia?
7 "Que é o solo desta caverna comparado à terra do jardim? esta terra, coberta de pedras, e aquela plantada cor deliciosas árvores frutíferas?"
8 E Adão disse a Eva: "Olha para teus olhos e para os meus que dantes viam anjos no céu louvando; e eles, também, sem cessar.
9 "Mas agora nós não vemos como víamos: nossos olhos são de carne; não podem ver da mesma maneira como viam antes."
10 Adão disse novamente a Eva: "Que é nosso corpo hoje comparado ao que era em dia passados, quando habitávamos no jardim"?
11 Após isso, Adão não gostou de ter de entrar na caverna, sob a rocha suspensa, nem entraria nela jamais por vontade própria.
12 Mas curvou-se às ordens de Deus, e disse a si mesmo: "A não ser que eu entre na caverna, serei novamente um desobediente".
Capítulo 5
1 Então Adão e Eva entraram na caverna e permaneceram em pé orando, em sua própria língua, desconhecida para nós, mas que eles bem conheciam.
2E enquanto oravam, Adão ergueu os olhos e viu acima de sua cabeça a rocha e o teto da caverna que o cobria, de maneira que não podia ver nem o céu nem as criaturas de Deus. Então ele chorou e golpeou pesadamente seu peito até que caiu e ficou como morto.
3 E Eva sentou-se chorando; pois acreditava que ele estivesse morto.
4 Então ela ergueu-se, estendeu suas mãos a Deus, pedindo-lhe misericórdia e piedade, e disse: "O Deus, perdoai-me o meu pecado, o pecado que eu cometi, e não o volteis contra mim.
5 "Pois fui eu quem provocou a queda de Vosso servo, do jardim para este lugar perdido; da luz para esta escuridão; e da morada da alegria para esta prisão."
6 "Ó Deus, olhai para este Vosso servo assim caído e ressuscitai-o de sua morte, para que ele possa lamentar-se e arrepender-se de sua desobediência cometida através de mim.
7 "Não leveis sua alma desta vez; mas deixai-o viver para que ele possa expiar sua culpa segundo a medida de seu arrependimento, e fazer Vossa vontade, antes de sua morte.
8 "Mas se Vós não o ressuscitardes, então, ó Deus, levai minha própria alma, para que eu esteja com ele; e não me deixeis neste antro só e abandonada, pois eu não suporta-ria ficar só neste mundo, mas com ele somente.
9 "Pois Vós, ó Deus, fizeste cair uma sonolência sobre ele, e tomaste um osso de seu lado, e restauraste a carne em seu lugar, por Vosso poder divino.
10 "E Vós me tomaste, o osso, e me fizeste uma mulher, luminosa como ele, com coração, razão e fala; e de carne como ele mesmo; e Vós me fizeste à semelhança de seu semblante, por Vossa misericórdia e poder.
11 "ah Senhor, eu e ele somos um, e Vós, ó Deus, sois o nosso Criador, Vós sois Aquele que nos fez a ambos no mesmo dia.
12 "Portanto, ó Deus, dai-lhe vida, para que ele possa estar comigo nesta terra estranha, enquanto nós morarmos nela por causa de nossa desobediência.
13 "Mas se Vós não quiserdes dar-lhe vida, então levai a mim, até a mim, como ele; para que nós dois possamos morrer da mesma maneira."
14 E Eva chorou amargamente, e caiu sobre nosso pai Adão; por causa de sua grande tristeza.
Capítulo 6
1 Mas Deus olhou para eles; pois eles se haviam matado pelo grande pesar.
2 Mas Ele queria ressuscitá-los e consolá-los.
3 Portanto enviou-lhes Sua Palavra a fim de que eles ficassem de pé e fossem ressuscitados imediatamente.
4 E o Senhor disse a Adão e Eva: "Desobedecestes por vossa livre vontade, até que saístes do jardim no qual Eu vos havia colocado.
5 "Por vossa própria e livre vontade desobedecestes por causa de vosso desejo de divindade, grandiosidade e condição sublime, tal qual Eu tenho; assim Eu Vos privei da natureza luminosa na qual estáveis então, e vos fiz sair do jardim para esta terra rude e cheia de sofrimento."
6 "Se ao menos não tivésseis desobedecido ao Meu mandamento e tivésseis guardado Minha lei, e não tivésseis comido do fruto da árvore, da qual Eu vos disse que não vos aproximásseis. E havia árvores frutíferas no jardim melhores que aquela."
7 "Mas o maldoso Satã, que não se manteve em sua primitiva condição nem conservou sua fé — nele não havia boa intenção em relação a Mim e, embora Eu o tivesse criado, ainda assim Me desprezou e buscou a divindade, de modo que Eu atirei do céu para baixo -  ele foi quem fez a árvore parece agradável a vossos olhos, até que comestes dela, obedecendo-lhe.
8 "Assim desobedecestes a Meu mandamento, e portanto. Eu fiz cair sobre vós todas essas tristezas."
9 "Pois Eu sou Deus o Criador, aquele que quando criou as criaturas, não tenciona destruí-las. Mas depois de terem provocado grandemente Minha ira, Eu as puni com  castigos atrozes, para que se arrependessem."
10 "Mas, se, ao contrário elas ainda se mantiverem firmes em sua desobediência serão amaldiçoadas para sempre."
Capítulo 7
1 Quando Adão e Eva ouviram estas palavras de Deus choraram e soluçaram ainda mais; mas fortaleceram seu coração em Deus, porque agora sentiam que o Senhor era para eles como um pai e uma mãe, e por esta mesma razão choraram diante dEle, e buscaram sua misericórdia.
2 Então Deus apiedou deles, e disse: "ah Adão, Eu fiz Minha aliança contigo; e não voltarei atrás; nem permitir que retomes ao jardim, até que Minha aliança dos grandes cinco dias e meio se cumpra".
3 Então Adão disse a Deus. "ah Senhor, Vós nos criastes nos fizestes aptos a estar no jardim; e antes de eu desobedecer, Vós fizestes todas as feras virem até mim, a fim de que eu as nomeasse."
4 "Vossa graça estava então sobre mim; e eu nomeei a cada uma de acordo com Vosso pensamento; e Vós as fizestes todas submissas a mim."
5 "Mas, ó Senhor, agora que eu desobedeci ao Vosso mandamento, todas as feras levantar-se-ão contra mim e me devorarão, e a Eva Vossa serva; e eliminarão nossa vida da face da terra."
6 "Suplico-Vos, portanto, ó Deus, que, desde que Vós nos fizestes sair do jardim e ficar numa terra estranha, não permitais que as feras nos causem mal."
7 Quando o Senhor ouviu estas palavras de Adão, apiedou-se dele, e sentiu que ele dissera a verdade, que as feras do campo se levantariam e o devorariam, e a Eva, porque Ele, o Senhor, estava irado com os dois por causa de sua desobediência.
8 Então Deus ordenou às feras, e aos pássaros, e a tudo que se move sobre a terra, que viessem a Adão e se afeiçoassem a ele e não o perturbassem, nem a Eva; nem ainda aos bons e justos dentre os de sua posteridade.
9 Então as feras prestaram obediência a Adão, de acordo com o mandamento de Deus; exceto a serpente, com quem Deus estava irado. Esta não veio a Adão, junto com as feras.
Capítulo 8
1 Então Adão chorou e disse: "ó Deus, quando eu morava no jardim, e havia enlevo em nossos corações, víamos os anjos que cantavam louvores no céu, mas agora não os vemos mais; ao entrarmos na caverna, toda a criação ocultou-se de nós".
2 Então Deus, o Senhor, disse a Adão: "Quando tu eras obediente a Mim, tinhas uma natureza luminosa em ti, e por esta razão podias ver coisas muito distantes. Mas, após tua desobediência, a natureza luminosa foi-te retirada; e não te foi mais permitido ver coisas distantes, mas apenas as bem próximas, aquelas ao alcance de tuas mãos, e segundo a capacidade da carne; pois esta é grosseira".
3 Após ouvirem estas palavras de Deus, Adão e Eva seguiram seu caminho louvando-O e adorando-O com o coração pesaroso.
4 E Deus interrompeu a comunicação com eles.
Capítulo 9
1 Então Adão e Eva deixaram a Caverna dos Tesouros e aproximaram-se do portão do jardim, e ali pararam a olhar para ele, e choraram por dele terem saído.
2 E Adão e Eva partiram da frente do portão do jardim em direção ao sul, e encontraram ali a água que irrigava o jardim, a água da raiz da Árvore da Vida, e que se dividia em quatro rios que corriam pela terra.
3 Então eles vieram e aproximaram-se desta água e olharam para ela; e viram que era a água que brotava da raiz da Árvore da Vida que estava no jardim.
4 E Adão chorou e gemeu e golpeou seu peito por estar afastado do jardim: e disse a Eva:
5 "E por que tu trouxeste sobre mim, sobre ti mesma e sobre nossa descendência tantos flagelos e castigos"?
6 E Eva disse-lhe: "Que foi que tu viste para chorar e falar-me assim"?
7 E disse ele a Eva: "Não vês esta água que estava conosco no jardim e que irrigava as árvores do jardim, e de lá corria?
8 "E nós, quando estávamos no jardim, não nos importávamos com isto; mas desde que viemos para esta terra estranha, nós a amamos, e faremos uso dela para nosso corpo."
9 Mas quando Eva ouviu dele essas palavras, chorou; e cheios de dor e gemendo, caíram na água; e ali teriam acabado consigo mesmos, a fim de nunca mais voltar a ver a criação; pois quando eles olharam para a obra da criação, sentiram que deviam pôr um fim a si mesmos.
Capítulo 10
1 Então Deus, misericordioso e benevolente, olhou para eles assim caídos na água tão próximos da morte, e enviou um anjo que os tirou da água, e deitou-os na praia como mortos.
2 Então o anjo subiu até Deus, foi bem-vindo, e disse: "ah Deus, Vossas criaturas deram seu último suspiro".
3 Então Deus enviou Sua Palavra a Adão e Eva e os ressuscitou de sua morte.
4 E Adão disse, após haver sido ressuscitado: "ó Deus, enquanto estávamos no jardim nem nos importávamos com esta água nem dela necessitávamos; mas desde que viemos para esta terra não podemos passar sem ela".
5 Então Deus disse a Adão: "Enquanto estavas sob Meu comando e eras um anjo luminoso, não conhecias esta água.
6 "Mas após teres desobedecido ao Meu mandamento não podes passar sem água para lavar teu corpo e fazê-lo crescer; pois este é agora como o das feras, e necessita de água."
7 Quando Adão e Eva ouviram essas palavras de Deus choraram um choro amargo; Adão suplicou a Deus que lhe permitisse voltar ao jardim e olhar para ele uma vez mais.
8 Mas Deus disse a Adão: "Eu te fiz uma promessa; quando esta promessa for cumprida, Eu te trarei de volta ao jardim, a ti e à tua descendência justa".
9 E Deus parou de se comunicar com Adão.
Capítulo 11
1 Então Adão e Eva sentiram-se queimando de sede calor e tristeza.
2 E Adão disse a Eva: "Não devemos beber desta água mesmo se morrermos. O Eva quando esta água penetrar em nossas entranhas, aumenta nossos castigos e os de nossos filhos que virão depois de nós".
3 Adão e Eva abstiveram-se então da água, e não beberam nada; mas caminharam e entraram na Caverna dos Tesouros.
4 Mas uma vez dentro dela Adão não podia ver Eva; ele apenas ouvia o ruído que ela fazia. Nem ela podia ver Adão, mas ouvia o ruído que ele fazia.
5 Então Adão chorou em profundo sofrimento e golpeou seu peito; e erguendo-se disse a Eva: "Onde estás"?
6 E ela lhe disse: "Vê, eu estou nesta escuridão".
7 Ele então lhe disse: "Recorda-te da natureza luminosa na qual vivíamos enquanto habitávamos no jardim!
8 "O Eva! recorda-te da glória que repousava em nós no jardim. O Eva! recorda-te das árvores que faziam sombra sobre nós no jardim enquanto nos movíamos entre elas.
9 "O Eva! recorda-te de que, enquanto estávamos no jardim, não conhecíamos nem a noite nem o dia. Pensa na Árvore da Vida, de sob a qual brotava a água, e que derramava brilho sobre nós! Recorda-te, ó Eva, da terra do jardim e da sua luminosidade!"
10 "Pensa, oh! pensa neste jardim onde não havia escuridão enquanto morávamos nele."
11 "Enquanto que, tão logo chegamos a esta Caverna dos Tesouros, a escuridão envolveu-nos; tanto que não mais podemos ver-nos um ao outro; e todo o prazer desta vida chegou a um fim."
Capítulo 12
1 Então Adão golpeou seu peito, e também Eva, e eles prantearam a noite inteira até a aurora se aproximar, e eles lamentaram suspirando a noite longa em Miyazia.
2 E Adão agrediu-se e jogou-se no chão da caverna, em amargo pesar, e por causa da escuridão, ali permaneceu como morto.
3 Mas Eva ouviu o barulho que ele fez ao cair ao chão. E ela tateou à sua volta procurando-o e encontrou — o como um cadáver.
4 Então ela ficou com medo, sem fala e permaneceu junto dele.
5 Mas o Senhor misericordioso olhou para a morte de Adão e para o silêncio de Eva por causa do medo da escuridão.
6 E a Palavra de Deus chegou a Adão e ressuscitou-o de sua morte, e abriu a boca de Eva para que ela voltasse a falar.
7 Então Adão ergueu-se na caverna e disse: "ah Deus, por que a luz nos deixou e a escuridão nos acometeu? Por que nos deixais nesta longa escuridão? Por que nos quereis assim castigar?
8 "E esta escuridão, ó Senhor, onde estava, antes de nos acometer? Ela é tamanha que não podemos ver um ao outro."
9 "Pois, enquanto estávamos no jardim, não vimos nem mesmo sabíamos o que é a escuridão. E eu não fiquei oculto de Eva, nem ela ficou oculta de mim, até que agora ela não me pode ver; e nenhuma escuridão nos havia acometido antes, separando-nos um do outro."
10 "Mas ela e eu estávamos ambos numa única luz brilhante. Eu a via e ela a mim. Mas agora desde que entramos nesta caverna, a escuridão nos envolveu e nos separou, assim que eu não a vejo e ela não me vê a mim."
11 "ah Senhor, quereis então castigar-nos com esta escuridão?"
Capítulo 13
1 Então, quando Deus, que é misericordioso e cheio de piedade, ouviu a voz de Adão, lhe disse:
2 "ah Adão, enquanto o bom anjo foi obediente a Mim, a luz brilhante repousava nele e em suas hostes."
3 "Mas quando ele desobedeceu Meu mandamento, Eu o privei dessa natureza luminosa, e ele se tornou opaco."
4 "E quando ele estava nos céus, nos domínios de luz, ele não conhecia nada da escuridão."
5 "Mas ele desobedeceu, e Eu o fiz cair do céu para a terra; e foi esta escuridão que lhe sobreveio."
6 "E sobre ti, ó Adão, enquanto em Meu jardim e obediente a Mim, esta luz brilhante repousou também sobre ti."
7 "Mas quando Eu soube de tua desobediência, privei-te desta luz brilhante. Ainda assim, por Minha misericórdia não te transformei em escuridão, mas fiz teu corpo de carne, e sobre ele estendi esta pele a fim de que suporte o frio e calor."
8 "Tivesse Eu permitido Minha ira cair pesadamente sobre ti, serias destruído; e tivesse Eu te transformado em escuridão, seria como se Eu te matasse."
9 "Mas, em Minha misericórdia, fiz-te como és, quando tu desobedeceste ao meu mandamento, ó Adão, expulsei-te do jardim e te fiz chegar a esta terra; e ordenei-te habitar nesta caverna; e a escuridão caiu sobre ti, como caiu sobre aquele que desobedeceu ao Meu mandamento."
10 "Neste caso, ó Adão, esta noite te enganou. A noite não há de durar para sempre; mais por doze horas apenas; quando terminar, a luz do dia retornara."
11 "Não lamentes, portanto, nem te alteres, e não diga em teu coração que esta escuridão é longa e se arrasta devagar; e não digas em teu coração que Eu te estou castigando com isto."
12 "Fortalece teu coração não e tenhas medo. Esta escuridão não é castigo. Mas, ó Adão Eu fiz o dia e coloquei nele o sol para dar luz, a fim de que tu teus filhos fizésseis o vosso trabalho."
13 "Pois Eu sabia que tu irias pecar e desobedecer, e vir para esta terra. Ainda assim Eu não te forçaria, nem seria duro contigo, nem te confinaria; nem te condenaria por tua queda; nem por tua saída da luz para a escuridão; nem mesmo por tua saída do jardim para esta terra."
14 "Pois Eu te fiz de luz; e quis gerar de ti filhos de luz, semelhantes a ti."
15 "Mas um dia tu não guardaste Meu mandamento; antes que Eu terminasse a criação e abençoasse tudo nela."
16 "Então Eu te dei um mandamento acerca da árvore, de não comeres dela. Mesmo assim Eu sabia que Satã, que enganou-se a si próprio, também te enganaria."
17 "Assim Eu te fiz saber, por meio da árvore, que não te aproximasses dele. E Eu te disse para que não comesses do seu fruto, nem dele provasses, nem te sentasses debaixo dela."
18 "Não tivesse Eu falado a ti, ó Adão, acerca da árvore, e te deixasse sem um aviso, e tu tivesses pecado, teria sido uma maldade de Minha parte não te dar nenhum aviso; tu te volta-rias e Me culparias por isto."
19 "Mas Eu te dei o mandamento e te preveni, e tu caíste. Assim, Minhas criaturas não Me podem culpar; porém a culpa recai sobre elas somente."
20 "E, ó Adão, Eu fiz o dia para ti e para teus descendentes que virão depois de ti, para nele trabalharem e labutarem. E Eu fiz a noite para eles descansarem nela do seu trabalho; e para os animais do campo saírem à noite e procurarem seu alimento."
21 "Porém, é pouca a escuridão que te resta agora, ó Adão; pois a luz do dia logo surgirá."
Capítulo 14
1 Então Adão disse a Deus: "Ó Senhor, levai minha alma, e não me deixeis mais ver estas trevas; ou levai-me a algum lugar onde não haja escuridão".
2 Mas Deus o Senhor disse a Adão: "Em verdade Eu te digo, esta escuridão passará por ti todos os dias que determinei para ti até o cumprimento da Minha aliança; quando então Eu te salvarei e te levarei de novo para o jardim, para a morada de luz que tu almejas, onde não há escuridão. Eu o trarei a ele, ao reino do céu".
3 Novamente Deus disse a Adão: "Toda esta miséria que acarretaste sobre ti por causa da tua desobediência não te libertará das mãos de Satã e ele não te salvará.
4 "Mas Eu, sim, salvar-te-ei. Quando Eu descer do céu e tomar-Me carne da tua descendência, e tomar sobre Mim a enfermidade da qual tu padeces, então a escuridão que caiu sobre ti nesta caverna virá sobre Mim no túmulo, quando Eu estiver na carne da tua descendência."
5 "E Eu, que sou eterno, estarei sujeito à contagem dos anos, dos tempos, dos meses e dos dias, e serei considerado como um dos filhos dos homens, para te salvar."
6 E Deus parou de se comunicar com Adão.
Capítulo 15
1 Então Adão e Eva choraram e entristeceram-se por causa das palavras que Deus lhes dissera, que eles não voltariam ao jardim até o cumprimento dos dias decretados para eles; mas principalmente por haver Deus dito que Ele deveria sofrer para salvá-los.
Capítulo 16
1 Depois disso Adão e Eva não pararam de orar e chorar na caverna até que a manhã desceu sobre eles.
2 E ao ver a luz sendo-lhes devolvida, deixaram de ter medo e fortaleceram seus corações.
3 Então Adão começou a sair da caverna. E quando chegou na boca da caverna, parou e voltou sua face em direção do leste, viu o sol levantar-se em raios brilhantes e sentiu o seu calor no seu corpo; teve medo dele e pensou em seu coração que esta chama vinha para castigá-lo.
4 Ele chorou então, e golpeou seu peito, e prostrou-se com a face na terra, e fez seu pedido, dizendo:
5 "ah Senhor, não me castigueis, nem me destruais, nem tireis já minha vida da terra."